Prof Michio Kaku fala sobre ciência por trás do fenômeno Ovnis e das viagens no tempo.

Prof Michio Kaku

2008


Em 1600, O Monge Dominicano e filósofo Giordano Bruno foi queimado vivo nas ruas de Roma. Para humilhá-lo a igreja o pendurou de cabeça para baixo e o despiu. O que tornava os ensinamentos de Bruno tão perigosos? Ele perguntava a seguinte questão: Existe vida fora da Terra? Em vez de se questionarem sobre esta possibilidade acharam mais conveniente queimá-lo vivo.


Por 400 anos a memória de Bruno perseguiu os historiadores da ciência. Mas Bruno vinga-se praticamente todas as semanas: Aproximadamente duas vezes ao mês um novo planeta extra-solar é descoberto orbitando uma estrela: Mais de 250 planetas deste tipo já estão documentados. As previsões de Bruno sobre planetas extra-solares estão sendo confirmadas. Mas uma questão ainda permanece obscura. Apesar da Via Láctea poder fervilhar de plantes extra-solares, quantos deles possuem características necessárias para suportar vida? E se existir vida inteligente, o que a ciência poderia dizer sobre isso?


Algumas pessoas alegam que extraterrestres já visitaram a Terra em OVNIs. Cientistas normalmente descartam a possibilidade da existência de OVNIs devido ao fato de que a distância entre as estrelas seria enorme. Mas no ano passado (2007) o governo Francês liberou um relatório do Centro Nacional Francês de Estudos Espaciais, que incluía mais de 1600 avistamentos de OVNIs nos últimos 50 anos, incluindo 100.000 páginas de relatos de testemunhas, filmes e fitas cassetes. O Governo Francês alegou que 9% destes avistamentos puderam ser totalmente explicados, 33% foram parcialmente explicados, mas foram inaptos em conseguir explicar os outros 58%.


Os casos mais críveis da Ufologia envolvem:

a) Avistamentos múltiplos por testemunhas confiáveis e independentes e

b) Evidências de fontes múltiplas como testemunho ocular e por radar.

Por exemplo, em 1986 ocorreu o avistamento de um OVNI pelo vôo 1628 da JAL (Japan Airlines) sobre o Alaska/ EUA, que foi investigado pela Administração Federal de Aviação. O OVNI foi avistado pelos passageiros e também localizado pelo radar no solo. Do mesmo modo, houveram avistamentos em massa nos radares na Bélgica dos Triângulos Negros em 1989-90 onde os mesmos foram rastreados por radares da OTAN e por Jatos Interceptadores. Em 1976 ocorreu um avistamento em Theran que resultou na queda de muitos sistemas de um jato interceptador F4. Mas é isto exatamente que frustra os cientistas, pois dos milhares de avistamentos registrados, nenhum produziu provas físicas sólidas que pudessem levar a reprodução em laboratório. Nenhum DNA, hardware alienígena ou evidência física de um pouso de nave foi recuperado para análise.


Poderíamos nos perguntar sobre como seria uma nave espacial. Aqui estão algumas características já conhecidas que foram registradas por observadores.

a) Elas são conhecidas por ziguezaguear no ar;

b) Elas são conhecidas por desligar carros e derrubar energia elétrica;

c) Elas planam em silêncio

Nenhumas destas características são compatíveis com qualquer foguete desenvolvido na Terra. Por exemplo, todos os foguetes que nós desenvolvemos dependem da Terceira Lei de Movimento de Newton. (Para cada ação há uma reção igual e contrária); ainda assim os OVNIs não parecem padecer de nenhuma exaustão. E as forças G criadas pelo zigue-zague dos discos voadores excederiam 100 vezes a força gravitacional da Terra – As forças G seriam o suficientes para achatar qualquer criatura da Terra.


Poderiam tais características dos OVNIS ser explicadas através da ciência moderna? Em filmes sempre supõe-se que seres alienígenas pilotam essas naves. Mais possível, entretanto, é que se essas naves existem, elas não teriam pilotos (ou poderiam ser pilotadas por algum ser parte orgânico e parte mecânico). Isto poderia explicar como as naves poderiam gerar tais padrões gerando forças G que normalmente esmagariam qualquer ser vivo.


Qualquer civilização alienígena avançada o suficiente para enviar naves espaciais através do universo com certeza teriam o domínio total sobre a Nanotecnologia. Isto significaria que suas naves não precisariam ser muito grandes e poderiam ser enviadas aos milhares para explorar planetas desabitados. Luas isoladas poderiam ser talvez as melhores bases para tais NanoNaves. E se assim fossem, talvez nossa própria Lua tivesse sido visitada no passado por uma civilização similar ao cenário mostrado no filme 2001: Uma Odisséia no Espaço, que talvez seja a descrição mais plausível de um encontro com uma civilização extraterrena.


Alguns cientistas zombam dos OVNIs porque eles não se enquadram em nenhum sistema gigantesco de propulsão imaginados possíveis pelos engenheiros de nossa época, como os Motores de Fusão Ramjet, imensos sistemas laser e motores de pulso nuclear, que poderiam estar bem distantes de tal possibilidade. Mas os OVNIs podem ser pequenos como um aeroplano e poderiam ser reabastecidos de uma base lunar próxima. Então os avistamentos poderiam ser referentes a sondas de reconhecimento não tripuladas.


O tempo é um dos grandes mistérios do universo. Todos estamos boiando no rio do tempo contra a nossa vontade. Em aproximadamente 400DC, Santo Agostinho escreveu extensivamente acerca da natureza paradoxal do tempo: “Como poderiam existir passado e futuro, quando o passado não existe mais e o futuro ainda não o é? Quanto ao presente, se existe realmente jamais se moveria para tornar-se passado, então na haveria tempo, mas sim Eternidade”. Se levarmos a lógica de Santo Agostinho além, poderemos compreender que o tempo não é possível, desde que o passado se foi, mas o futuro não existe e o presente existe apenas por um breve instante.


Em 1990, Stephen Hawking leu papéis de seus colegas propondo uma versão para uma máquina do tempo, mas ele estava cético quanto ao assunto. Sua intuição lhe disse que a viagem no tempo seria impossível porque não existem turistas do futuro. Se a viagem no tempo fosse tão comum como um picnic dominical no parque, então os viajantes do tempo deveriam estar nos fotografando com suas câmeras. Precisa existir uma lei, ele proclamou, que tornasse a viagem no tempo impossível. Ele propôs uma “Conjectura de Proteção Cronológica” para banir a viagem do tempo das leis da física de maneira que “A história fique a salvo dos Historiadores”.


A coisa mais engraçada é, contudo, que não importa o quanto os físicos tentassem, eles não podiam encontrar uma lei que impedisse a viagem no tempo. Aparentemente a viagem no tempo é consistente com o que conhecemos por Leis da Física. Incapaz de encontrar qualquer lei da física que torne a viagem no tempo impossível, Hawking recentemente mudou de opinião. Ele fez manchete quando disse: “A viagem no tempo é possível; mas não seria prática”.


Viajar para o futuro é possível e já foi experimentada e confirmada milhares de vezes. Se um astronauta pudesse viajar próximo à velocidade da luz, isso poderia fazer com que ele, digamos, levasse 1 minuto para chegar às estrelas mais próximas. Quatro anos teriam se passado na Terra, mas para ele apenas 1 minuto teria se passado, porque o tempo teria ficado mais lento dentro da Nave. (Nossos astronautas realmente viajam para o futuro toda vez que vão para o espaço. Enquanto eles viajam a 18.000 MPH sobre a Terra, seus relógios funcionam um pouco mais devagar que os relógios na Terra. O Record mundial é do Cosmonauta Russo Sergei Avdeyev, que orbitou a Terra por 748 dias e viajou .02 segundos no futuro) Então uma máquina que nos leve para o futuro é consistente com a teoria especial da relatividade de Einstein. Mas poderíamos voltar no tempo?


Se pudéssemos viajar de volta ao passado, a história seria impossível de se escrever. Assim que um historiador registrasse a história no passado, alguém poderia voltar ao passado e modificá-la.


As máquinas do tempo não apenas colocariam a profissão dos historiadores em cheque, mas também nos permitira manipulá-la a vontade. Se, por exemplo, voltássemos à era dos dinossauros e por acidente pisássemos em um pequeno mamífero que porventura viesse a ser nosso ancestral, isso acabaria com toda a raça humana. A história se tornaria uma loucura sem fim, como um episódio tresloucado do Monty Python, assim que turistas do futuro tropeçassem em eventos históricos enquanto tentam pegar a melhor foto.


Mas talvez os problemas mais contundentes seriam os paradoxos lógicos levantados pela viagem no tempo. Por exemplo, o que aconteceria se matássemos nossos pais antes de nosso nascimento? Isso é uma impossibilidade lógica. É chamada algumas vezes como “Paradoxo do Avô”.


Existem 3 maneiras de resolver esses paradoxos. Primeiro; talvez você simplesmente repita a história do passado quando retorne no tempo, assim completando a história passada. Neste caso você não possui livre arbítrio. Você torna-se forçado a executar o passado como ele foi escrito. Assim, se você voltar ao passado e dar o segredo da viagem no tempo para o seu Eu jovem, então isso significaria que a história deveria acontecer desse jeito. O segredo da viagem ao tempo viria do futuro. Seria este o destino (Mas isso não nos diria de onde a idéia original teria vindo.)


Segundo; você tem livre-arbítrio, então poderia modificar o passado mas com limites. O seu livre arbítrio não poderia permitir a criação de um paradoxo do tempo. Toda vez que você tentasse matar seus pais, algo o impediria. Esta idéia é defendida pelo físico Russo Igor Novikov. Ele argumenta que existe uma lei nos impedindo de matar nossos pais antes do nosso nascimento.

Terceiro; o universo se dividiria em dois. Em uma linha do tempo as pessoas que você matariam pareceriam seus pais, mas seriam diferentes, pois você estaria numa realidade paralela. Esta última possibilidade parece ser consistente com a teoria quântica.


No filme “De Volta para o Futuro” a terceira possibilidade é explorada. Doc Emmett Brown (Christopher Lloyd) inventa um DeLorean movido a Plutônio, que é uma máquina do tempo para viajar ao passado. McFly (Michael J. Fox) entra no carro e conhece sua mãe adolescente, que se apaixona por ele. Isso causa um grande problema. Se sua mãe não conhecesse seu futuro pai, então eles não se casariam e ele jamais teria nascido. O problema é esclarecido um pouco pelo Dr. Brown. Ele desenha uma linha em um quadro negro representando a linha do tempo do universo. Então ele faz uma segunda linha que se separa da primeira, representando o universo paralelo que se abre quando você modifica o passado. Assim, sempre que voltamos no rio do tempo, o rio divide-se em dois e uma linha do tempo torna-se 2, ou o que é chamado “Pluralidade de Mundos” pode ocorrer.


Isso significa que todas os paradoxos da viagem do tempo possuem solução. Se você matou seus pais antes de ter nascido, isso simplesmente implica que você matou pessoas geneticamente idênticas aos seus pais, com as mesmas memórias e personalidades, mas eles não seriam realmente os seus pais.

· Texto extraído do livroA Física do Impossível, 2008, Editorial Bizâncio ISBN 9789725304068 por Michio Kaku

Quem é Michio Kaku?

Michio Kaku, é físico teórico , professor e co-criador daTeoria de campos de corda, um ramo da teoria das cordas.

Bacharel em física (1º da Turma) (summa cum laude) na Universidade de Harvard em 1968.

PhD pela Universidade de Berkeley em 1972. Tornou-se membro da Universidade de Princeton em 1973.

Atualmente é professor da City University of New York.

Autor de vários artigos técnicos envolvendo a teoria das cordas, supergravidade, supersimetria e hádrons; seus estudos atualmente se concentram na Teoria de tudo. Ele é autor vários livros de divulgação científica, e também fez várias participações em programas de televisão explicando os conceitos mais "esotéricos" da física moderna.

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